Das minhas idas e vindas ao mercado central (trabalhava de domingo a domingo), lembro com saudades do Box Nº. 01 que pertencia ao meu pai Severino Semeão, caboclo nordestino nascido em Gravatá de Bezerros em Pernambuco, que chegou nesta cidade maravilhosa em meados de l960, trazendo consigo a literatura de cordel para Porto Velho, convidado pelo tio Ribeiro que era dono do Calçados Verlon localizado na Rua do Coqueiro.
Voltando ao Mercado Central, lembro-me de quase todos os feirantes os quais eram uma grande família. Como não lembrar o João do Boi com sua banca de tabaco e fumo de corda, da D. Maria oceano com sua farmácia, do seu José Félix (pai do Micharias) com sua lanchonete, onde eu lanchava um copo de refresco de maracujá com uma saltenha, do Jesuano com sua banca de vinil (LPS), onde eu gravei minhas primeiras fitas cassetes para ouvir no meu toca-fitas Panasonic (presente da minha irmã Luiza) onde nós (Ataíde, Dadá, Francisco (Pedro Bó) Jorge (Cabeça de onça) ainda criança perturbando a gente, ouvimos pela primeira vez o som de Raul Seixas, Secos e Molhados, Gilberto Gil e outros.
Lembro da banca da D. Marta que vendia Açaí e aquela maravilhosa salada de frutas, lembro também do Box do Dinho (irmão do Carlinhos Camurça) do Mica (irmão do Cota) do Sr. Zé da Risada, do Bolívia com seu pão sempre quentinho, do Julinho(ex jogador do Botafogo do Camacho) com seus croquetes, do Mano Bento e sua Banca, a mais arrumada do mercado, do ´Zé Ribeiro (irmão da Tia Francimar), do Raimundo Ribeiro, do Sr. Osmar Santos (Pandorra), do Sr. Luiz Gomes, do Macaco sempre correndo atrás dos saqueiros que viviam lhe perturbando, da Bico de Brasa com seu baton vermelho e de um ébrio que não lembro o seu nome que vivia imitando um sax, do Antonio e Zeca Gordo com suas bancas de carne, a banca de jornais do Sr. Barroso onde eu comprava pela manhã os jornais (A Tribuna, o Alto Madeira, o Guaporé e quando tinha, o Combatente), do Sr. Joaquim peixeiro, do Sr. Raimundo (genro do Manoel Miranda dos vinis). Lembro também daqueles que traziam mercadorias de São Paulo para atender os feirante, Sr. Vilaça (pai do Zé e do Jorge) Lopes (sandálias cachoeira), do Sr. Pedro Malaquias.
Agradeço ao Dadá que me incentivou a descrever nossas lembranças de Porto Velho, ao Valdir que nos cedeu espaço no seu site, ao Menezes que me fez lembrar várias pessoas da nossa terra. Valeu, vai ter mais, agora me empolguei, e a culpa é de vocês.
* Tomei a liberdade de extrair este texto do sítio do prof. Valdir Pereira (www.josevaldir.com), intelectual amante das artes, por três relevantes motivos: O "Cabeça de Onça" nele citado, é o "Negro Boto" que vos escreve; nem o autor do texto, nem seu hospedeiro, o emérito prof. Valdir, criariam qualquer obstáculo para eu reproduzí-lo e, por final, esse João Vianney "Camarão" Prado Melo, conseguiu nos emocionar com essas lembranças. Muito obrigado a esse irmão branco da família Batista Santos.